Fonte: Verdade
23/07/2012 – O esforço de promoção de investimentos para o agro-processamento na província central moçambicana da Zambézia começa a gerar resultados concretos e alguns desafios, sendo que na cultura de arroz, por exemplo, as unidades de produção já são pressionadas no sentido de elevarem os níveis de colheitas, uma vez que a produtividade não vai para além de duas toneladas por hectare.

Neste momento, a empresa Orizícola da Zambézia, implantada na região de Dugudiua, no distrito de Nicoadala, está a operar abaixo da sua capacidade instalada, devido à escassez de matéria-prima (arroz) para processar, segundo o respectivo gerente, Setimane Gulamo.

Aquela indústria, cuja implantação consumiu um milhão de dólares norte-americanos, arrancou com as actividades em Março último e a sua capacidade está fixada em cem toneladas diárias, mas a realidade actual impõe que os níveis de processamento sejam de apenas 20 toneladas.

A referida fábrica está na fase de aquisição de matéria-prima e já conseguiu 350 toneladas de arroz bruto, quantidade que, conforme informações prestadas no decurso de uma visita de trabalho do governador da Zambézia, Francisco Itai Meque, apenas irá assegurar a actividade durante um mês.

A empresa Orizícola da Zambézia emprega 40 pessoas e surgiu por iniciativa de uma cooperativa de produtores de arroz que operam nos distritos de Maganja da Costa, Namacurra, Nicoadala e Mopeia, para além da cidade de Quelimane, a capital da provincia. As complicações de acesso à matéria-prima poderão acentuar-se com a entrada em funcionamento de mais um empreendimento de processamento de arroz, prevista para o próximo mês, no distrito de Namacurra, segundo anunciou Itai Meque, citado, esta Segunda-feira (23), pelo “Diário de Mocambique”.

As obras de construção encontram-se numa fase avançada e a capacidade está fixada em 150 toneladas de arroz por dia, o que vai exigir a disponibilidade de um “stock” de pelo menos 200 mil toneladas de arroz em bruto, para garantir o aproveitamento pleno do potencial da fábrica, orçada em 12 milhões de dólares norte-americanos.

Na fase experimental, este novo empreendimento irá precisar de absorver cerca de 30 mil toneladas. A fábrica de Namacurra visa o processamento de cem toneladas de arroz limpo, cinco toneladas de arroz trica, 30 toneladas de farelo e 15 de casca e propõe-se a gerar emprego para 40 pessoas.

A sua implantação interessa sobremaneira ao Governo moçambicano, representado por uma agência criada para dinamizar iniciativas visando desenvolver as potencialidades do sector produtivo na região do vale do Zambeze.

Entretanto, os investimentos de indústria de processamento de arroz, nesta parcela do país, suscitam uma enorme expectativa por parte da classe camponesa envolvida no cultivo deste cereal, que olha para a dinâmica a ser proporcionada pelas fábricas, na procura de matéria-prima, como um importante incentivo aos esforços de incremento dos níveis de produção agrícola.

Em Namacurra, por exemplo, a associação de mulheres camponesas espera obter vantagens na fixação de preços, pois considera que devido ao actual comportamento do mercado, dominado por pequenos consumidores domésticos, aos produtores eram impostas propostas de compra miseráveis.

Enquanto a fábrica de processamento da empresa Orizícola da Zambézia procura adquirir quantidades adicionais para incrementar as suas reservas de matéria-prima, conta-se que também o Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) está no mercado à procura de excedentes para alimentar as actividades experimentais da indústria de Namacurra.

Todavia, uma fonte governamental não avançou detalhes sobre as quantidades já alcançadas, argumentando que os camponeses ainda estão na fase de ceifa.

Neste momento, o ICM está no terreno em processo de comercialização de excedentes de arroz para armazenamento, com vista a garantir a abertura da actividade experimental da fábrica”, informou, por seu turno, o governador Itai Meque, sem revelar pormenores em torno dos preços que estão a ser praticados junto dos produtores.