Fonte: AgroNotícias
12/09/2011
– Com começo do plantio programado para a segunda quinzena de outubro, a rizicultura mato-grossense pode registrar queda de até 10% na produção na safra 2011/2012 com relação a safra 2010/2011, encerrada recentemente. Menor participação poderá ser consequência dos altos preços pagos pelo milho e pela soja, além da redução do valor da saca do cereal. Em Mato Grosso, a safra atual foi de 795,2 mil toneladas, 7,2% a mais do que havia sido produzido no ciclo anterior, segundo balanço da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Para o próximo ano, a colheita pode atingir até 600 mil toneladas, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Mato Grosso (Sindarroz/MT), Ivo Fernando Mendonça. Ele reforça que os números concretos da produção só poderão ser anunciados após começo do plantio, mas que devido a movimentação do mercado é possível estimar a queda. Conforme ele explica, alguns produtores anunciaram que caso a saca chegasse a R$ 30 plantariam o dobro. Já para preços entre R$ 25 e R$ 28 não seria rentável arriscar.

Por enquanto, não há previsão de faltar arroz, como aconteceu no final de 2010, quando o governo precisou intervir e conceder a isenção do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para importação de outros estados. Segundo empresário e beneficiadores, os estoques apontam para abastecimento do período de entressafra.

Proprietário de uma fábrica de beneficiamento, Rudimar Biffi, explica que aparentemente os estoques serão suficientes para abastecer o consumo local, mas que vai depender também da demanda de outros estados. Mesmo com grão suficiente para processar, somente 20% da capacidade da indústria de Biffi é ocupada, isso porque, segundo ele, com os preços praticados na região Sul, o produto mato-grossense não tem muita competitividade. Com relação ao consumo no Estado, de acordo com o sindicato, o volume é de aproximadamente 400 mil toneladas e o excedente é comercializado com as regiões Norte e Nordeste do país.

Assessor do Sindicato da Alimentação de Rondonópolis e região Sul de Mato Grosso (Siarsul), Geraldo Elvino Beier afirma que existe uma alternativa ao plantio de arroz que tem atraído os produtores, mas que isso depende do mercado. “Com o milho e a soja com preços atrativos é possível que haja uma perda de área. Em compensação, está sendo feita a recuperação de pastagem por meio da rizicultura, o que tem se mostrado eficiente e lucrativo para os produtores, favorecendo o cultivo do cereal”. Segundo Beier, em Mato Grosso a soma das áreas passíveis de serem recuperadas com o arroz chega a 9 milhões de hectares.

Para o engenheiro agrônomo da Agro Norte, Maírson Santana, este ano ainda está com a produção indefinida e tudo dependerá do mercado. “Caso haja uma demanda e os produtores percebam que os preços poderão subir, alguns poderão investir mais. Porém, se a valorização da soja e do milho seguir em alta o plantio deverá ser menor”.

Indústrias – Atualmente estão em operação cerca de 35 indústrias de beneficiamento de arroz, sendo elas capazes de abastecer até 85% do consumo mato- grossense. Segundo Geraldo Beier, a paralisação de empresas ou funcionamento de parte delas é por falta de incentivo e de altos custos com transportes para o envio para outros mercados.

Uma indústria que preferiu não se identificar informou que por enquanto a empresa trabalha de forma equilibrada, mas que não há como prever a entressafra, que ocorre no final do ano, e que por isso não pode avaliar se os preços sofrerão alterações. Segundo o representante da indústria, na região Sul do Brasil os custos são menores e a produção é maior, o que torna os investimentos locais inviáveis.

Levantamento da (Conab aponta que, somente no Rio Grande do Sul, 8,904 milhões de toneladas tenham sido produzidas nesta safra, o que desestimula ainda mais os produtores mato-grossenses. Depois da safra gaúcha, Santa Catarina é a segunda maior com 996,4 mil toneladas e Mato Grosso é terceiro no ranking nacional.

Além de maior área, os estados da região Sul também contam com maior produtividade na lavoura. Enquanto em Mato Grosso são produzidas 3,1 toneladas por hectare, no Rio Grande do Sul a quantidade chega a 7,6 toneladas e em Santa Catarina 6,6 toneladas por hectare plantado. O Brasil produziu, conforme dados da Conab, 13,613 milhões de toneladas na safra 2010/2011, 16,7% a mais do que o registrado na 2009/2010.