Fonte: O Correio do Povo
12/04/2012 –
 A safra normal do arroz deste ano não rendeu lucros para o agricultor Everaldo Sprung, representante dos rizicultores no Conselho da Secretaria de Agricultura e Pecuária da Prefeitura de Guaramirim.

A venda das sacas apenas serviu para cobrir as dívidas acumuladas ao longo dos anos e pagar os financiamentos feitos para investir no negócio. Agora, o guaramirense espera pela ressoca do arroz (segundo corte) – que deve iniciar em 20 dias – para obter ganhos. “Se o clima estiver muito frio, vai atrapalhar a colheita”, conta. Segundo ele, o prejuízo é resultado do alto custo da plantação – superior ao preço da venda da saca. Essa é a realidade da maioria dos produtores de arroz da microrregião: “Quase todos estão trabalhando no vermelho, há quase dez anos”, comenta.

Na região, o valor pago aos produtores pela saca (em média, R$ 24) está abaixo do preço mínimo (R$ 25,80) – determinado pelo governo federal através da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). “A última vez que o governo ajustou o preço mínimo foi há quatro anos. Hoje, o preço deveria ser, pelo menos, R$ 30”, avalia. E os agricultores têm outros empecilhos: os insumos aplicados no plantio (como o óleo diesel, inseticidas, fungicidas e herbicidas) têm alta carga tributária no país. “Na Argentina, Paraguai e Uruguai, é possível encontrar esses produtos três vezes mais baratos. Assim, o arroz também entra no Brasil mais barato e não conseguimos competir”, afirma.

Além disso, o excesso do produto no mercado interno puxa ainda mais para baixo o preço do grão. Na safra de 2002/2003, o preço pago aos rizicultores pela saca chegou a R$ 36. Já a falta de incentivos fiscais à exportação e a suspensão da importação de arroz do Mercosul são antigas reivindicações dos produtores do Litoral catarinense.