Fonte: AgroNotícias
20/08/2010 – A ocorrência de fenômenos climáticos extremos, em plena colheita, em importantes produtores e players mundiais já começaram a alterar a configuração dos preços no mercado internacional. A seca na Tailândia, maior exportador mundial e na Índia, segundo maior produtor mundial e principalmente, as inundações e catástrofes na China, maior produtor mundial, nas Filipinas, maior importador mundial e no Paquistão, 3º maior exportador mundial, deverão alterar a relação de oferta e demanda mundiais para a próxima safra.

Estes cinco países representam nada mais do que, 60% da produção mundial e 54% das exportações mundiais estimadas para o ciclo 2010/11, por isso exercem forte influência no cenário internacional do cereal. Embora os dados dos prejuízos ainda não tenham sido quantificados nos dois mais importantes relatórios internacionais divulgados em agosto: FAO e USDA a expectativa é de retração na produção internacional para o próximo período e naturalmente para os estoques finais mundiais, contrariando as expectativas de aumento de 4% na produção e de 7% nas exportações mundiais. A expectativa é que, nos relatórios de setembro, seja publicada a quantificação das perdas.

A situação do Paquistão, principalmente, que embora produza apenas 6,5 milhões de toneladas, mas exporta 3,6 milhões de toneladas, poderá beneficiar, em especial as vendas externas brasileiras. O Paquistão é um grande concorrente nas exportações de arroz parboilizado, tendo ocupado importantes nichos de mercado em 2010, devido à baixa competitividade do cereal brasileiro, em razão da redução dos preços internacionais e da política cambial.

O Brasil em 2009 exportou quase 900 mil toneladas de arroz, sendo 75% de arroz beneficiado, sobretudo de arroz parboilizado com o volume expressivo de quase 500 mil toneladas, enquanto em 2010, este volume é de apenas 50 mil toneladas, nos primeiros 5 meses do ano. Também o cenário mundial dos grãos, está impactado com a severa seca na Rússia, 3º maior exportador de trigo. Recente medida determinada pelo governo russo proibiu as exportações de cereais até 30 de dezembro de 2010, causando forte repercussão no mercado futuro do trigo que subiu mais de 70% em trinta dias, contaminado também a alta de outras commoditties, principalmente o milho e a soja, que subiram 15 e 10%, respectivamente. O weather market (mercado climático) já está influenciando na precificação do arroz no mercado internacional nas últimas semanas.

Nos últimos 30 dias as cotações do arroz no mercado futuro começaram a apresentar recuperação, depois de atingir o nível mínimo em 15 de julho, crescendo 12%, acompanhando o viés altista das demais commodities. No Vietnã, o arroz beneficiado Viet 5% subiu para US$ 420,00, tonelada FOB, ontem (18/08), antes as US$ 340,00 praticada a trinta dias atrás, apresentado variação de 23% no período, destacando que o Vietnã praticava os menores preços mundiais e portanto era um referencial baixista para o mercado.

Na Tailândia, o arroz parboilizado, importante concorrente do arroz brasileiro, alcançou o patamar de US$ 500,00, acumulando uma alta expressiva de 12%, nos últimos trinta dias, enquanto o beneficiado Thai 100 %B subiu para US$ 480,00 ontem, contra US$ 445,00 a tonelada na metade de julho, totalizando uma alta de 8 % no período. Nos Estados Unidos, o arroz Usa 4/5% mantém-se estável no nível de US$ 440,0 por tonelada.

Uma alta adicional de 10% nos preços do arroz parboilizado (US$ 50,00/ton) permitirá que o arroz nacional novamente tenha competitividade internacional, favorecendo o incremento das exportações de “parbo” e por conseqüência, favorecendo o mercado interno.