Fuente: Epagri
04/03/2013 – O lançamento das três novas variedades acontece na próxima quinta-feira, 7 de março, às 9h, na Estação Experimental da Epagri de Itajaí, situada à Rodovia Antonio Heil, com a participação do Governador Raimundo Colombo, do Secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues e do presidente da Epagri, Luiz Hessmann. O Gerente da Estação Experimental de Itajaí, José Alberto Noldin e pesquisadores do Projeto Arroz da Epagri receberão agricultores, produtores de sementes e de grãos, técnicos e lideranças rurais para a apresentação das características das novas variedades, seu potencial produtivo, qualidades nutricionais e aspectos industriais relevantes. Em seguida os convidados conhecerão, na lavoura, as novas variedades de arroz irrigado da Epagri e poderão degustar pratos elaborados com as novidades, numa oficina de atividades culinárias, montada especialmente para o evento. Na oportunidade será inaugurado o Laboratório de Análises de Biomoléculas.

A variedade SCS118 Marques é adequada ao mercado consumidor tradicional de arroz, ou seja, a cor do grão é branca, quando descascado e polido, a SCS119 Rubi é de cor vermelha e a SCS120 Ônix é preta. As variedades Rubi e Ônix são consideradas especiais devido ao seu aspecto, adequado a pratos mais elaborados, além da sua composição química diferenciada, destacada por conteúdos mais elevados de compostos fenólicos, importantes na alimentação pois são antioxidantes. Essas duas variedades especiais destinam-se a nichos de produtores e de mercado, o que representa novas oportunidades para algumas agroindústrias que podem se organizar desde a produção até a comercialização delas. Para o desenvolvimento de uma nova variedade de arroz através das técnicas de melhoramento genético há a necessidade de trabalhos de pesquisa científica multidisciplinar durante 12 a 13 anos. Essas atividades demandam intensos e detalhados trabalhos de campo e de laboratório que envolvem os cientistas e uma equipe de operários rurais e técnicos de apoio.

Com estas novas tecnologias disponibilizadas, a Epagri soma 20 variedades lançadas no mercado catarinense desde 1976, quando iniciaram as atividades de melhoramento genético de arroz irrigado. As variedades de arroz da Epagri são plantadas em mais de 85% da área de arroz irrigado de Santa Catarina, além de serem cultivadas também em grandes áreas de outros estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul, o Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, bem como em alguns países da América do Sul, como Bolívia, Paraguai e Argentina.

Os principais trabalhos de melhoramento genético para criação de novas variedades de arroz são realizados pela equipe de cientistas da Estação Experimental de Itajaí. O trabalho de pesquisa agropecuária desenvolvido pela Epagri visa transferir ao setor produtivo produtos tecnológicos de alta qualidade. “Os resultados deste trabalho se tornam evidentes quando se analisa a produtividade das lavouras de arroz de Santa Catarina”, destaca o pesquisador Noldin, lembrando que em 1970 as produtividades catarinenses de arroz irrigado eram menores que 2 toneladas por hectare e atualmente, os agricultores contam com variedades que sustentam uma média de produtividade no estado, em torno das 7 t/ha. “São comuns, entre os orizicultores catarinenses tecnificados, produtividades superiores a 10 t/ha em um único cultivo (ciclo). Tudo isso permite que o Estado detenha o segundo lugar no volume arroz irrigado produzido no Brasil”, informa Noldin.

Este trabalho perseverante conduzido pela equipe de cientistas da Epagri, e acompanhado por técnicos da extensão rural pública e privada, assegura a manutenção da orizicultura catarinense em patamares competitivos, garantindo bom nível de vida aos 8.377 médios e pequenos orizicultores familiares, que por sua vez, ajudam a manter uma produção de alimentos baseada na produtiva e equilibrada estrutura fundiária catarinense.

O arroz irrigado em Santa Catarina
O arroz, cereal responsável pelo suprimento energético da alimentação de dois terços da população mundial, é produzido em Santa Catarina na cifra de 1 milhão de toneladas. A lavoura de arroz irrigado tem uma grande importância econômica e social para o Brasil e para Santa Catarina. No Estado catarinense o cultivo de arroz irrigado envolve 8.377 agricultores, que cultivam 150.000 hectares, em 11.230 pequenas propriedades agrícolas, distribuídos em 83 municípios, o que sustenta um parque industrial descentralizado de 66 agroindústrias, sendo que destas, 40 empresas são associadas ao Sindarroz (Sindicato das Indústrias de Arroz) que detém a maioria do total beneficiado, gerando 2000 empregos diretos. O parque industrial catarinense beneficia anualmente 1.500.000 t de arroz. Na totalidade, estima-se que a atividade relacionada ao arroz irrigado no Estado de Santa Catarina seja responsável por 50 mil empregos diretos e indiretos.

Com a ajuda da orizicultura, o Estado mantém-se como sétimo maior produtor de alimentos do país, embora detenha somente 1,12% do território nacional. Santa Catarina destaca-se ainda pelo desenvolvimento de tecnologias, especialmente na criação de novas variedades de arroz, desenvolvidas pela Epagri, que já lançou 20 variedades, cada uma delas fruto de 13 anos de árduo trabalho de uma equipe científica multidisciplinar.

Santa Catarina também é reconhecido por produzir a melhor semente de arroz irrigado do Brasil. A Acapsa – Associação dos Produtores de Semente de Arroz Irrigado – congrega 21 associados que abastecem, com semente certificada, todo mercado catarinense e a demanda dos estados brasileiros que são produtores. Além das variedades, o trabalho de pesquisa na Estação Experimental de Itajaí desenvolveu e adaptou tecnologias para o cultivo sustentável do arroz irrigado. A adequação e disseminação do cultivo, com a utilização de sistema pré-germinado em todo o Estado, foi uma das razões que possibilitaram a permanência dos agricultores na atividade. A recomendação de utilização de adubação em doses e épocas adequadas juntamente com a aplicação de produtos registrados para o controle de plantas daninhas, combate a insetos e doenças também possibilitou a redução de custos e elevação da renda do produtor.