Fonte: AgroNotícias
26/04/2011 –
A crise setorial do arroz estará em pauta em importante reunião entre o setor produtivo e a cúpula do governo federal, em Brasília, na manhã desta terça-feira. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, e representantes de entidades ligadas à cadeia produtiva do arroz do Rio Grande do Sul, como Farsul e Fetag, debaterão o tema com o chefe do gabinete da Presidência, Giles Azevedo, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Wagner Rossi, e o secretário de Política Econômica, do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt. Dirigentes setoriais realizarão a defesa das quatro propostas encaminhadas na última semana à cúpula da política econômica e agrícola governista.

Segundo Rocha, medidas como a prorrogação das dívidas do setor até que se encontre uma solução para a crise de preços, serão pleiteadas. Também são demandas setoriais a suspensão temporária das importações do Mercosul, até que sejam encontradas formas de compensar os produtores brasileiros das assimetrias que favorecem os países vizinhos, e a agilização do escoamento dos excedentes. O setor pede o estabelecimento do preço-meta, mecanismo que compensaria a diferença entre os valores de mercado e o custo de produção.

Hoje, o mercado gaúcho paga entre R$ 18,00 e R$ 19,00 para uma saca de 50 quilos de arroz em casca, com padrão 58×10, enquanto o custo de produção é de R$ 29,00. A diferença seria embolsada diretamente pelo arrozeiro. Os produtores também querem que a suspensão dos pagamentos das dívidas, dos custeios, investimentos de safra e comercialização, inclusive o EGF 09/2010, seja avaliada pelo Conselho Monetário Nacional na reunião desta quinta-feira. A meta é juntar todos os valores devidos e criar um novo parcelamento, pois na atual situação o setor não tem como honrar integralmente seus compromissos e dar seguimento a sua atividade.

O secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi acompanhará as entidades na audiência. Nesta segunda-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, recebeu cópia do documento no Palácio Piratini. Ele prometeu enviar a documentação e conversar com a presidente Dilma sobre as demandas e também assumiu o compromisso de marcar uma audiência com a presidente da República para tratar pessoalmente do assunto, juntamente com os representantes do setor. “Essa crise não é dos arrozeiros. É de todo o Rio Grande. De todos os partidos. E, unidos, vamos buscar soluções”, afirmou o governador.

Protesto

Em assembléia geral nesta segunda-feira, lideranças de 17 associações de produtores do Rio Grande do Sul decidiram dar início a um protesto em respaldo ao trabalho das entidades setoriais e para tornar pública a situação de crise vivida pelo setor e o impacto desta na economia de mais de 150 municípios gaúchos. Os protestos acontecerão nas cidades arrozeiras e terão como objetivo alertar as forças vivas, políticos e toda sociedade da dimensão e conseqüências da atual crise, bem como as propostas apresentadas aos Governos, onde o alvo principal são a suspensão das importações de arroz do Mercosul. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, reconheceu a legitimidade do movimento independente de produtores “diante da dimensão que essa crise tomou”. Segundo os produtores, em 2010/11 o Brasil importou 1,05 milhão de toneladas de arroz da Argentina, Uruguai e Paraguai, a preços até 100 dólares mais baixos por tonelada, o que foi decisivo para derrubar os preços internos.

Também nesta segunda-feira, arrozeiros gaúchos e lideranças setoriais lotaram o plenário da Assembléia Legislativa gaúcha em uma audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, solicitada pela Federarroz, que debateu a crise setorial. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, fez uma explanação sobre o atual cenário do setor produtivo, subsidiando os parlamentares dos pleitos federais e estaduais, e afirmou que a crise hoje extrapola o âmbito da lavoura. “Primeiro afeta o produtor, depois os municípios e finalmente o estado, portanto não é só um problema do produtor e sim de todo o Rio Grande, pois interfere direto na sócio-economia dos 140 municípios.”, afirma.

Maratona

Nesta terça-feira o presidente da Federarroz e demais entidades representativas gaúchas cumprirão uma verdadeira maratona em Brasília, em busca de apoio dos organismos federais às medidas de possam reduzir os prejuízos dos arrozeiros. “Iremos aos Ministérios da Agricultura e da Fazenda buscar apoio para que seja prorrogado 100% do EGF 09/2010, novo prazo de adesão ao PRODUSA e que o congelamento das dívidas entrem na pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional nesta quinta-feira, e também pela análise da minuta que propõe o preço-meta”, revelou Renato Rocha. Além disso, os dirigentes terão uma reunião na Conab para solicitar a flexibilização das garantias exigidas para o credenciamento dos armazéns no Rio Grande do Sul e reforço de pessoal na CONAB/RS, como forma de viabilizar que os produtores acessem mecanismos como os AGFs.

No Banco do Brasil, em audiência agendada pelo deputado federal Luis Carlos Heinze (PP/RS), pedirão retorno das proposições apresentadas na semana passada, valorização da saca de arroz pelo preço mínimo para os recibos de depósito e EGFs e aceitação do protocolo no órgão ambiental para acesso aos financiamentos. No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior representantes da Federarroz vão apresentar um estudo jurídico e apresentar propostas para incluir o arroz num pacote de medidas que devem estabelecer salvaguardas para alguns outros setores da economia, em razão da atual política cambial brasileira, que enfraquece o dólar.

Solicitaremos atenção às assimetrias do arroz no Mercosul, os prejuízos que estão causando estas importações, aspectos do Tratado que não estão sendo observados pelos nossos concorrentes e que o arroz seja incluído neste pacote”, finalizou o dirigente. Segundo Rocha, o momento é grave e exige medidas urgentes de respaldo à cadeia produtiva nacional.

Lideranças agrícolas do RS buscam solução para arrozeiros

Lideranças agrícolas do Rio Grande do Sul participam nesta terça (26), em Brasília, de seis audiências com órgãos ligados ao governo. A maratona de encontros vai ser mais uma tentativa de buscar uma solução para o problema dos arrozeiros. Na segunda, eles pediram apoio ao governador do estado.

Os representantes dos produtores deixaram com o governador Tarso Genro um documento com reivindicações para serem entregues à presidente Dilma Rousseff. O baixo preço pago pelo produto e os altos estoques da safra passada agravaram a crise. Eles reclamam que estão endividados e querem a prorrogação das dívidas.

O governador Tarso Genro prometeu encaminhar os pedidos.