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Fonte: Globo Rural

16/01/2015 – Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS) estima que uma alta média de 40% no preço da energia em 2015 – porcentual que estaria sendo previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica – representaria um aumento de R$ 1 no custo de produção da saca de 50 quilos de arroz. “Estamos falando de arroz irrigado e o gasto com energia elétrica pesa bastante para o arrozeiro. Chega a 10% do custo total de produção, por isso esta perspectiva de reajuste é preocupante”, afirmou o presidente da entidade, Henrique Dornelles, em entrevista coletiva na capital gaúcha.

 

A previsão da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) é de que o Rio Grande do Sul, que responde por 60% da produção nacional, colha 8,17 milhões de toneladas em 2014/15, 0,7% a mais que no ciclo passado. De acordo com Dornelles, as chuvas em excesso e a baixa radiação solar neste início de 2015 trazem preocupações em algumas regiões e podem interferir na produtividade das lavouras. A expectativa, no entanto, é de que a perda, se confirmada, seja pouco expressiva, de no máximo 400 mil toneladas. “Não acho que a safra (gaúcha) baixe de 8 milhões de toneladas”, disse.

 

Apesar da expectativa de oferta confortável e de preços remuneradores – hoje em torno de R$ 38/saca, conforme indicador Cepea/Esalq -, os produtores gaúchos pretendem reivindicar medidas de apoio ao governo federal no início da colheita, em fevereiro. “É verdade que estamos vivendo um momento de preços extremamente valorizados, mas não temos condições de comemorar porque a renda não subiu”, afirmou Dornelles, para acrescentar: “Parece que vem diminuindo cada vez mais.” De acordo com o dirigente, um retrato dessa situação seria o fato de que mesmo com preços remuneradores a área plantada com o cereal no Estado não cresceu. Segundo ele, a elevação sistemática dos custos de produção está “esmagando” principalmente os pequenos produtores.

 

Dornelles disse que a entidade pretende sugerir à ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), que seja realizada uma análise mais criteriosa da situação do setor para intervir, seja na redução de tributos ou na melhoria de infraestrutura e logística. Outro pedido da entidade diz respeito ao preço mínimo do arroz estipulado pelo governo federal para o Estado do Rio Grande do Sul de R$ 25,80/saca, considerado defasado pelo setor. “Não estamos dependendo do preço mínimo este ano porque o mercado está bom, mas isso não justifica ter um parâmetro tão fora da realidade”, afirmou. A Federarroz-RS pretende apresentar, nas próximas semanas, um estudo encomendado a empresas privadas mostrando que o custo de produção do arrozeiro gaúcho é maior do que o calculado pela Conab. O objetivo é usar os números para batalhar pelo aumento do preço mínimo.

 

Exportações

Outra bandeira da Federarroz-RS é o incremento das exportações, principalmente para a América Central, e para isso o governo federal seria demandado a “tomar outro rumo nas negociações internacionais”, para que o Brasil não perca espaço para outros países produtores. Conforme a Federarroz, a retomada das relações comerciais entre Estados Unidos e Cuba representa uma ameaça ao setor, uma vez que a tonelada do produto norte-americano custa US$ 50 menos que a do brasileiro, e o frete dos EUA para a ilha é menor. “O agronegócio brasileiro tem sido castigado pela atuação comercial no Brasil no contexto comercial. Não temos acordos comerciais fora do Mercosul”, disse. Dornelles também chamou a atenção para as oportunidades no Oriente Médio, em especial no Iraque. “Entre uma venda para Cuba e para o Iraque podemos ter uma diferença de preço de 40%, pela qualidade (de produto) que o Oriente Médio requer”, afirmou. “Consolidamos os embarques para lá no ano passado, mas há potencial para vender mais.”